As gaivotas de Manuel Fortes |
A
avó do Francisco sugeriu que fossem dar um passeio até à praia apesar de ser
inverno. A avó adorava caminhar sobre a areia bem junto à água onde as ondas
vinham tentar molhar-lhe os pés.
O
Francisco também gostava de dar estes passeios pelo longo areal. Alguns
pescadores lançavam a linha e esperavam pacientemente que algum peixe tocasse
no anzol.
Por
vezes a mãe do seu amigo Jacinto também vinha ter com eles e assim podia
brincar com o amigo. O Jacinto levava sempre uma bola para jogarem.
As
andorinhas do mar faziam o seu bailado, refletido ao longo da areia molhada.
Saltitavam todas ao mesmo tempo e levantavam voo, como se os dois meninos a
brincar as assustassem.
O
Francisco naquela tarde de sol aproximou-se da avó e perguntou inquieto:
-
Avó e se eu pudesse também voar? Não era bom, avó? Podia voar sobre a praia,
pousar nas rochas e tornava a levantar voo sobre aqueles barcos lá ao longe!
A
avó entusiasmada respondeu:
-
Oh quem me dera poder voar! Seria muito giro. Eu voava até ao cimo das árvores
e até à montanha.
As
gaivotas pareciam ouvi-los porque vieram até junto deles como se ansiassem
alguma comida. O Francisco insistiu na ideia de voar.
-
Se eu fosse gaivota voava muito alto e podia ir até ao lago brincar com os
patos.
O
Jacinto interrompeu a conversa:
-
Eu gostava de nadar no mar. Quero ser um golfinho! Se eu fosse um golfinho
podia brincar com os outros seres do mar, como as baleias e os tubarões.
-
Tenho medo dos tubarões. – Diz o Francisco – Gosto mais dos pombos, das águias,
dos corvos porque esses voam.
A
mãe do Jacinto sugeriu então que fizessem um jogo. E se cada um imaginasse que
animal gostaria de ser e o que iria acontecer a cada um. Se voarmos o que
podemos fazer? Se nadarmos no mar o que pode acontecer?
-
E se fôssemos um avião? – Perguntou a avó do Francisco.
-
Mas eu não quero ser um avião. O avião não tem pernas nem respira. – Respondeu
o Francisco.
-
Olha, mas há pessoas que também não têm uma perna ou um braço e continuam a ser
pessoas. – Interveio a mãe do Jacinto.
-
Mas não podem segurar tão bem nas coisas, nem correr pela praia. – Interferiu o
Jacinto.
-
Sem uma perna ficaria muito triste.-
Desabafou o Francisco.
A princesa de Margarida |
A
Mãe do Jacinto interrompeu dando um toque mais alegre à conversa.
-
Eu quando era pequena gostava de ser princesa num castelo. Imaginava que ia
andar a cavalo pelos campos e que tinha um amigo pónei.
-
Se eu tivesse um pónei ia brincar com ele todos os dias e íamos passear no
campo ou numa quinta. – Disse o Francisco.
Aquele
jogo do “E se eu tivesse… e se eu fosse…” era muito engraçado porque podiam dar
largas à sua imaginação.
-
E se os meninos não comessem fruta?- Provocou a mãe do Jacinto.
-
Não podíamos crescer! – Prontificou-se o Jacinto a responder.
-
Também não tínhamos energia para jogar à bola. – Disse o Francisco.
-
E ficávamos doentes se não comêssemos fruta! – Acrescentou a avó do Francisco.
Ficaram
todos muito animados e resolveram fazer uma corrida até à rocha mais próxima.
Chegaram
todos ao mesmo tempo e ficaram a rir-se da brincadeira.
A
mãe do Jacinto disse que tinham de repetir aqueles passeios pela praia porque
eram muito divertidos.
Muito interessante, Ana. Adorei todo este projecto! Gostei muito da história porque além de estar muito bem contada, tem vários pontos de partida para muita coisa. Eu sei lá! Esta história é um centro de interesse multifacetada que facilita, em grande, a interdisciplinaridade. Tenho que ver o resto do trabalho. É claro que a ideia da filosofia é muito original e, tendo-a como meta, é ainda melhor. Esta espécie de conselhos de turma que tu fazes, são extremamente positivos. Li as notas do lado direito e só te posso dar os parabéns. Fiquei encantada!
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