quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O olho da imaginação



O Zezinho estava muito feliz naquele fim-de-semana. O pai prometera levá-lo a uma exposição de pintura. Divertiam-se sempre juntos ao contemplarem as obras de arte. Algumas pinturas não se entendiam muito bem e o Zezinho ficava intrigado com as cores as formas e o significado de tudo aquilo. Começava sempre a imaginar o que seria que estava pintado.
- Papá, olha aquele quadro parece um campo com flores…
- A mim parece-me mais o céu com estrelas…- respondia divertido o pai.
- Vem ver este. – saltava de emoção o Zezinho - gosto daquele verde!
- Sim é bonito… responde o pai – parece um campo cheio de ervas…e além o mar… - apontando para uma mancha azul.

Foram contemplando a exposição até que o Zezinho pergunta:
- Papá aquele quadro ali é diferente…
- Sim é uma cópia, uma reprodução de um quadro muito importante de um pintor chamado Pablo Picasso…
-Mas não tem cores…
- Foi uma forma do artista que fez a pintura dizer que não gostava da guerra…Só utilizou o preto e o branco. - Explicou o pai.

O Zezinho ficou intrigado e triste ao mesmo tempo. Compreendeu então que a arte pode ser uma forma de expressão. Uma forma de dizer o que sentimos, do que gostamos e do que não gostamos.
- A forma deste artista pintar chama-se “estilo cubista” porque as formas são triangulares e quadradas.
- Muito esquisito… - desabafou o Zezinho
- Foi pintada em 1937 e é muito grande, como uma parece de uma sala de uma casa…
- E onde está a pintura verdadeira?
- Está num museu em Madrid…o que estamos a ver é apenas uma reprodução…

O Zezinho adorava entreter-se a fazer desenhos e a pintar com lápis. Era sempre muito divertido. Por isso as visitas a exposições de arte eram sempre bem acolhidas porque nas conversas ia aprendendo muito.
- Sabes Zezinho,  a arte de uma forma geral serve para várias coisas. Pode servir para o artista expressar o que sente mas também dar prazer a quem vê, ou levar as pessoas a pensar e a refletir sobre o que está a contemplar. Pode servir para informar do que se passou há muito tempo, ou até denunciar o que está mal ou é injusto.
O Zezinho não tirava os olhos da reprodução da pintura de Picasso com o nome Guernica que foi uma das cidades que sofreu com bombardeamentos de aviões alemães.
- O que aconteceu às pessoas que estavam nessa cidade?
- Ficaram feridas e outras morreram… Muito triste.
- Era bom que a guerra não voltasse mais… - sussurrou o Zezinho, agarrando o pai pela mão.

Os dois resolveram ir até ao jardim para darem uns chutos na bola no final da tarde. O dia tinha sido de muita aprendizagem e tinha chegado o momento da brincadeira e da risota.
Quando voltaram para casa ainda continuavam os dois muito bem-dispostos.


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O que vemos no quadro “Guernica” de Picasso?
(Opinião da comunidade de investigação, sobre o significado do quadro.)


- Vejo um touro e as pessoas estão a gritar. Também está lá um candeeiro.
Manuel Fortes

- Há um lobo que está a assustar as pessoas.
Gonçalo

- Os braços das pessoas estão caídos no chão.
Carolina

- As pessoas estão na guerra.
Margarida

- Estão a lutar e deitadas no chão porque estão mortas e têm os braços cortados. Está lá desenhado um olho.
Rita

- As pessoas estão na guerra e caíram para o chão.
Beatriz

- O lobo e o monstro estão a assustar as pessoas e elas morreram.
Caetano

- Está lá uma luz que faz mal aos olhos. As pessoas não podem olhar.
Miguel

sábado, 8 de novembro de 2014

O que significa dar exemplos?



A Luísa naquele dia não tinha ido para o colégio. Era sábado.
 Adorava ficar em casa ao fim de semana porque podia brincar com os primos mais velhos, o Duarte e a Marisa.
 A mãe da Luísa resolvera fazer um almoço para toda a família e por isso resolveu ir ao mercado para comprar alimentos. Para que se não esquecesse a mãe escreveu numa folha de papel, uma lista de produtos que necessitava comprar: Batatas, arroz, peixe, carne, vegetais, fruta e bebidas. Ia comprar também um ramo de flores para colocar no centro da mesa.
Já no mercado, a Luísa ficou radiante com as cores e os cheiros. Perguntou à mãe apontando para uma bancada de venda:
- Mãe, o que é aquilo ali?
-É um fruto muito saboroso. Chama-se manga.
A Luísa apercebeu-se que havia muitos frutos bonitos que nem sabia o nome, mas reconheceu as laranjas, as maçãs, as pêras, o melão, as uvas.
A mãe lembrou-se de fazer um jogo em que a Luísa teria de dar mais exemplos de frutas, para além das que via no mercado. Pensou e disse sorridente:
- Cenoura!?...
- Não Luísa, a cenoura não é fruta! Tem outro nome. Sabes qual é?
A Luísa parou para pensar. Tinha só quatro anos e estava agora a aprender a distinguir os objetos e a agrupá-los pelos nomes. Luísa ficou muda. A sua boca não se abriu. A mãe resolve ajudá-la:
- A cenoura é um vegetal! Tu comes muitos vegetais na sopa. Queres dar exemplos de vegetais?

A Luísa pôs-se a olhar para a bancada dos vegetais, pois a mãe preparava-se para comprar alguns para a refeição.
- Já sei!...- E apontando disse -Estou a ver couves, feijão-verde e alface.
- Muito bem – disse a mãe – Já deste exemplos de vegetais!
A Luísa resolveu desafiar a mãe:
- Agora quero que tu me dês exemplos de flores!
A mãe riu. Estava a ser divertido ir fazer compras com a Luísa.
-Muito bem! Olha, estão ali malmequeres, rosas, tulipas, cravos, margaridas… hummm não sei que flores levar para enfeitar a mesa!
- As rosas são bonitas! Vamos levar rosas! - Sorriu a Luísa satisfeita.
-Agora vamos comprar peixe! – disse a mãe- e continuou o jogo – dá-me um exemplo de peixe!
- Pescada…-  Respondeu a Luísa
-Muito bem! Apoiou a mãe. Luísa questionou :
- Agora diz tu exemplos de carne!
- Humm… peru, frango, vitela…

Luísa e a mãe passaram um tempo muito divertido no mercado. E a mãe explicou:
-Sabes Luísa, devemos saber dar exemplos quando falamos com alguém. Assim explicamos melhor o que queremos dizer e os outros compreendem-nos melhor.

Em casa o almoço ficou muito saboroso e a seguir a Luísa e os primos foram brincar. Resolveram brincar às escondidas. Mas depois por sugestão do primo Duarte iriam todos fazer um puzzle. Afinal havia vários tipos de brincadeiras que todos gostavam de praticar.



Plano de aula
Motivação
Introdução do conceito “exemplo”
Objetivos
Saber utilizar técnicas de argumentação. Saber dar e explicar exemplos
Tarefas e materiais
 História
Cartão dos exemplos
Objetos variados (Várias frutas, vários brinquedos)
Organização e dinamização
- Leitura da história
- Jogo dos exemplos (as crianças diferenciam dois grupos de objetos):
Os que são comestíveis e os que não são comestíveis.
- Apresentam razões para que as frutas,  sejam comestíveis.
- Apresentam razões para que os brinquedos não sejam para comer.
- Registo das respostas justificativas diferenciando “comestível” de  “não comestível”



Registo das razões da comunidade de investigação ( quatro e cinco anos):

Objetos não comestíveis:

Não comemos brinquedos. (Gonçalo)
As coisas de plástico fazem mal à saúde. (Manuel Chaves)
Fazem mal aos dentes. (Rita)
Não se podem comer carros. (Beatriz)
Não se podem comer pneus porque têm ar. (Gabriel)
Os brinquedos só servem para brincar. (Caique)
Se comprarmos muitos brinquedos não temos dinheiro para a comida. (Gabriel)



Objetos comestíveis

Fazem bem à saúde. (Rita)
Servem para crescermos. (Manuel Fortes)
Comemos maçãs e bananas. (Gonçalo)
A fruta faz bem.  (Gonçalo)
Os alimentos são bons para ficarmos fortes. (Manuel Chaves)
As pastilhas fazem mal aos dentes. (Manuel Fortes)
Podem-se comer doces. (Caique)
Os doces fazem dor de barriga. ( Rodrigo)
Se comermos só doces ficamos fraquinhos. ( Gonçalo)
Não podemos beber vinho porque ficamos bêbados. (Manuel  Chaves)




sábado, 11 de outubro de 2014

A chegada do Outono



A mãe do Pedro resolveu ir até ao parque para que pudessem desfrutar do lago onde nadavam constantemente as mamãs patas com os seus filhotes patinhos.
O Pedro levava sempre dentro de um saquito, bocados de pão para dar aos patos e aos pombos que corriam para junto dele para se deliciarem com aqueles tesouros tão saborosos.
De repente começou a soprar um vento que parecia zangado porque fazia uns zumbidos estranhos que o Pedro nunca antes se apercebera.
Perguntou à mãe:
- Mamã porque é que o vento faz tanto barulho?
-Porque vem aí o Outono. É a estação do ano em que começa a aparecer o frio. – Respondeu a mãe.
- Os patos não têm frio? – Interrogou o Pedro
-Não, os animais estão protegidos pelas penas ou pelos como os gatos e os cães. – Informou a mãe.

O Pedro reparou que as folhas se agitavam e caiam das árvores, enchendo o chão com um tapete muito bonito. Fascinado apanhou duas ou três folhas e foi mostrá-las à mãe.
- São bonitas estas folhas mamã…
-Podes fazer uma colagem com elas para o teu desenho sobre o Outono.- Sugeriu a mãe.

O Pedro sentiu então uns pingos de chuva no rosto.
- Mamã, está a chover! – Exclamou.
- Temos de ir já para casa!…- Disse a mãe preocupada.
- Já não podemos ir à praia… - Lamentou-se o Pedro de cabeça baixa.

O Pedro ficou triste. Ele gostava de ir chapinhar na água e brincar na areia.
- Mamã, porque é que cai água do céu?- Lembrou-se de perguntar.
A mãe tentou explicar que a água se formava no céu através de um processo de condensação e depois formava as nuvens bonitas que vemos lá no alto.
- É como um truque de magia. – Disse o Pedro. - Primeiro não há nada e depois aparecem coisas.
- Sim Pedro, a natureza está repleta de magia. – Acrescentou a mãe.
- O Outono traz coisas novas. – Comentou o Pedro interessado. – Até vestimos outras roupas e calçamos botas para não molharmos os pés.
- Temos que nos agasalhar melhor pois começa a ficar mais frio e podemos constipar-nos e ficarmos doentes. – Respondeu a mãe.
- E também começa a escola. Podemos brincar com os amigos e é muito divertido.

O Pedro chegou a casa e começou a desenhar a árvore do Outono com as folhas a cair. Orgulhoso foi mostrar à mãe que ficou radiante com o desenho em tons de castanho, laranja e amarelo.


Pedro continuou a pensar que afinal o Outono poderia ser muito interessante, divertido e de descobertas mágicas.


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Plano de discussão:

Porque é que o vento sopra e caem as folhas?
Inês

Porque é que as pessoas se constipam?
David

O Pedro gosta de jogar à bola?
Miguel

Porque é que chove?
Leonor

Porque é que os patos nadam na água?
Gabriel

Porque é que os patos voam?
Beatriz Coelho

Porque é que as tartarugas nadam?
Gonçalo

Porque é que os peixinhos não conseguem sair da água?
Rafael

Porque é que o Pedro foi ao lago dar comida aos patinhos?
Bruno

Porque é que os peixinhos têm de viver dentro de água?
Vasco

Porque é que o sol desce e a lua sobe?
Margarida

Porque é que as folhas caem das árvores?
Rita

Porque é que as pessoas pisam as folhas?
Carolina

Porque é que as tartarugas têm de viver dentro de água?
Beatriz 

Porque é que os meninos escorregam no escorrega?
Rodrigo


( Comunidade de investigação)