quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A flor e o vento




O vento enfurecia-se com tudo.Com o mar, com a areia, provocando grandes ondas e remoinhos de pó. Sobrevoava as serras e as mais altas montanhas!
Tinha um ego maior que o mundo. Era frio e quente conforme lhe apetecesse e pouco lhe importava que as plantas secassem ou os outros seres sensíveis morressem de calor!
Bastava-se a si próprio e orgulhosamente sabia que todos dependiam dele!

Uma flor silvestre perguntou-lhe:
- Porque és assim, tão indiferente, tão controlador?
- Porque foi o universo que assim me fez. Não posso portanto ser de outra forma. Porque me criticas, tu uma insignificante flor que vai murchar a qualquer momento? Já reparaste que a tua visibilidade não te dá poder nenhum? A tua cor vai sumir-se e serás nada! Eu pelo contrário sou invisível e sou eterno. Ando sempre por aqui! Tenho uma força suprema! Ninguém me derruba! Sou forte!
- Tens razão… sou frágil e pequena e sei que irei desaparecer brevemente! Mas também sou assim porque o universo assim quis. Admiro-te! Tu serves para muita coisa.
Transportas as sementes para longe por exemplo! Eu não sirvo para nada. Aqui estou eu presa ao chão, à espera que me contemplem…
- Tenho de ir – respondeu o vento – Não posso estar parado! Sou irrequieto por natureza!
- Espera… não vás ainda…
- E porquê? Não mandas em mim!
-Tens razão mais uma vez… mas será que não podes permanecer um tempo comigo, só até eu desaparecer… podíamos conversar. Tu comunicavas-me tudo o que o mundo tem, uma vez que eu nunca saí daqui. Morreria feliz se ficasses!
- E porque o faria?
- Nunca ouviste falar de amizade?
- Nunca…
- É algo que não se explica… não se vê… sente-se e dura até morrermos…
- Não sei de que falas!
- Se ficares, vais saber… podes embalar-me com a tua força… mas sê suave… sou frágil, lembras-te?
-
Então explica-me melhor isso da amizade…
- Amizade é querer estar perto… é partilhar momentos, como o que estamos a fazer agora! É percebermos que somos diferentes e aceitarmos as discrepâncias!

O vento ficou. Envolveu a singela flor e dançaram juntos. Compreendeu que ela não permaneceria eternamente com ele, mas ficou-lhe perpétuamente agradecido por ter aprendido o sentido da verdadeira amizade.
Plano de aula de Filosofia para crianças - Leitura da história “A flor e o vento” - Dramatização da história (diálogo entre duas crianças que encarnam os papéis das personagens) - Ilustração da história - Exploração do conceito “Amizade”
- Ser amigo é conversarem juntos e nunca brigarem. - É emprestar coisas e dar. - É nunca fazer queixinhas. - O meu melhor amigo é aquele que gosta de brincar comigo. - Fico feliz quando os amigos nos dão qualquer coisa. - Fico feliz quando gosto de um amigo e tenho alguém para brincar. - Fico triste porque não tenho um amigo e ninguém quer brincar comigo. - Brincar é bom porque ficamos felizes, gostamos dos outros e não fazemos mal. - Beijinhos são bons porque podem servir para curar uma ferida e para conhecer um amigo. - Os beijinhos cuidam das feridas. - A mãe brinca comigo quando tenho medo e dá-me abraços. - Os abraços servem para fazer as pazes. - Gosto de emprestar e partilhar brinquedos e livros aos amigos. - Convidamos os amigos para o nosso aniversário porque gostamos de brincar. - Amizade é bonita porque gostamos que as pessoas se divirtam. - Amizade é dar beijinhos e abraços.
A comunidade de investigação B E (quatro e cinco anos)

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