sábado, 11 de abril de 2015

Liberdade

A menina Liberdade   - Leonor


Era uma vez uma menina que vivia no lugar mais alto da montanha. Ela vivia muito triste porque não tinha com quem brincar. Não havia crianças e os mais crescidos estavam sempre ocupados em atividades de adultos como trabalhar muito.
A menina não entendia esta situação. Mesmo quando queria ir brincar para a floresta junto a um lindo rio, os pais nunca a deixavam ir porque dizia-se que nadava por lá um monstro enorme que era muito perigoso. A menina tinha um nome especial que lhe tinha posto a avó. Era Liberdade em homenagem a outros tempos em que havia muitas crianças e brincadeiras com muitas risotas quando iam todos tomar banho ao rio da Alegria. Era assim que se chamava o rio.
O monstro Preconceito e a menina Liberdade  - Miguel Sá


Mas certo dia apareceu um monstro que se chamava Preconceito e as pessoas desde esse tempo começaram a não gostar uns dos outros e deixaram de se divertir. Uns não gostavam dos outros porque eram mais baixos ou tinham o nariz mais comprido e portanto eram considerados feios e foram afastados da povoação onde vivia a menina.
Na montanha onde antes viviam pessoas muito felizes, e repleta de luz, começou a ficar cada vez mais sombria. Até as árvores deixaram de crescer tal era a má vibração que existia no ar. As nuvens tinham-se zangado com as pessoas por elas terem permitido que o mostro Preconceito as manipulasse e assim só fazerem o que ele queria.
O mostro Preconceito de Tiago


 Mas a menina que se chamava Liberdade começou a fazer perguntas aos pais:
- Papá, porque é que no tempo da avó tudo era bonito com flores e árvores e agora tudo é feio?
O pai ficou sem responder tal era a tristeza e o desalento que o invadia e disse:
- Talvez tu saibas porque é que tudo ficou cinzento, triste e feio…
O monstro Preconceito de Manuel Fortes

- Foi por causa do monstro que destruiu a vontade das pessoas. Ficaram contaminadas com uma doença que o monstro trouxe, o preconceito, e depois deixaram de respeitar a opinião uns dos outros e quem não fosse igual levaram-nos para uma gruta muito escura e funda de onde não sabem sair. As nuvens e o sol ficaram muito desiludidos com as pessoas.
A sereia Amor de Margarida
A sereia Respeito da Maria

- Mas sabes que no rio também há sereias especiais, que se chamam Amor, Partilha e Respeito e elas de quando em vez vêm visitar-nos e põem bons os que estão doentes. Nestas alturas fazemos festas e dançamos todos juntos. Mesmo aqueles que têm um nariz maior ou os que pensam de forma diferente.
A menina que se chamava Liberdade começou a questionar-se sobre o que aconteceu aos que falavam  e pensavam de forma diferente e tinham ido para gruta escura e funda. Na sua cabeça não achava muito bem que vivessem assim às escuras.
A menina tinha feito umas caminhadas até ao rio e conversado com a sereia Amor. Tinham passado dias a chapinhar na água e nem vestígio do monstro Preconceito. Provável que ele tivesse ido para o abismo mais profundo do rio junto às cataratas gigantes.
A sereia Partilha também  tinha ensinado à menina que todos os seres têm direito à luz do sol e a darem largas à sua imaginação criando obras de arte interessantes, que fizessem evoluir o espírito humano em vez de o reprimirem.

A sereia Partilha de Carolina
Foi então que a menina sugeriu aos pais e a todos os que viviam no alto da montanha que era melhor libertar as pessoas que estavam na gruta.
A montanha de Gonçalo

Todos consideraram que estava na hora de fazer isso. Tinham sido muito infelizes desde que prenderam os que pensavam de forma diferente, pois já não havia festas nem brincadeiras. Assim seguiram a menina Liberdade até à gruta mais sombria. Colocaram uma corda para que eles pudessem subir.
Nesse dia fizeram uma grande festa. Estava todos muito contentes, mesmo não pensando da mesma maneira.
Havia por todo o lado narizes grandes e pequenos e pessoas gigantes e anões e começaram a aparecer as crianças que tinham estado meio adormecidas.
Desde aqui, nunca mais se ouviu falar do monstro do rio que se chamava Preconceito. As pessoas ficaram sempre atentas e nunca mais o deixaram regressar porque não queriam mais voltar para a gruta sombria onde nunca se via o sol. E nunca mais se esqueceram que esta estrela maravilhosa que nos ilumina é para todos!



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