Era
uma vez uma menina que vivia no lugar mais alto da
montanha. Ela vivia muito triste porque não tinha com quem brincar. Não havia
crianças e os mais crescidos estavam sempre ocupados em atividades de adultos
como trabalhar muito.
A
menina não entendia esta situação. Mesmo quando queria ir
brincar para a floresta junto a um lindo rio, os pais nunca a deixavam ir
porque dizia-se que nadava por lá um monstro enorme que era muito perigoso. A
menina tinha um nome especial que lhe tinha posto a avó. Era Liberdade em homenagem a outros tempos
em que havia muitas crianças e brincadeiras com muitas risotas quando iam todos
tomar banho ao rio da Alegria. Era assim que se chamava o rio.
O monstro Preconceito e a menina Liberdade - Miguel Sá |
Mas
certo dia apareceu um monstro que se chamava Preconceito e
as pessoas desde esse tempo começaram a não gostar uns dos outros e deixaram de
se divertir. Uns não gostavam dos outros porque eram mais baixos ou tinham o
nariz mais comprido e portanto eram considerados feios e foram afastados da
povoação onde vivia a menina.
Na montanha onde antes
viviam pessoas muito felizes, e repleta de luz, começou a ficar cada vez mais
sombria. Até as árvores deixaram de crescer tal era a má vibração que existia
no ar. As nuvens tinham-se zangado com as pessoas por elas terem permitido que
o mostro Preconceito as manipulasse e assim só fazerem o que ele queria.
O mostro Preconceito de Tiago |
Mas a menina que se chamava Liberdade começou
a fazer perguntas aos pais:
- Papá, porque é que no
tempo da avó tudo era bonito com flores e árvores e agora tudo é feio?
O pai ficou sem
responder tal era a tristeza e o desalento que o invadia e disse:
- Talvez tu saibas
porque é que tudo ficou cinzento, triste e feio…
O monstro Preconceito de Manuel Fortes |
- Foi por causa do
monstro que destruiu a vontade das pessoas. Ficaram contaminadas com uma doença
que o monstro trouxe, o preconceito, e depois deixaram de respeitar a opinião
uns dos outros e quem não fosse igual levaram-nos para uma gruta muito escura e
funda de onde não sabem sair. As nuvens e o sol ficaram muito desiludidos com
as pessoas.
A sereia Amor de Margarida |
A sereia Respeito da Maria |
- Mas sabes que no rio
também há sereias especiais, que se chamam Amor, Partilha e Respeito e elas de
quando em vez vêm visitar-nos e põem bons os que estão doentes. Nestas alturas
fazemos festas e dançamos todos juntos. Mesmo aqueles que têm um nariz maior ou
os que pensam de forma diferente.
A
menina que se chamava Liberdade começou a questionar-se
sobre o que aconteceu aos que falavam e
pensavam de forma diferente e tinham ido para gruta escura e funda. Na sua
cabeça não achava muito bem que vivessem assim às escuras.
A
menina tinha feito umas caminhadas até ao rio e
conversado com a sereia Amor. Tinham passado dias a chapinhar na água e nem
vestígio do monstro Preconceito. Provável que ele tivesse ido para o abismo
mais profundo do rio junto às cataratas gigantes.
A
sereia Partilha também tinha ensinado à
menina que todos os seres têm direito à luz do sol e a
darem largas à sua imaginação criando obras de arte interessantes, que fizessem
evoluir o espírito humano em vez de o reprimirem.
Foi
então que a menina sugeriu aos pais e a todos os que
viviam no alto da montanha que era melhor libertar as pessoas que estavam na
gruta.
A montanha de Gonçalo |
Todos consideraram que
estava na hora de fazer isso. Tinham sido muito infelizes desde que prenderam
os que pensavam de forma diferente, pois já não havia festas nem brincadeiras.
Assim seguiram a menina Liberdade até à gruta mais sombria. Colocaram uma corda
para que eles pudessem subir.
Nesse dia fizeram uma
grande festa. Estava todos muito contentes, mesmo não pensando da mesma
maneira.
Havia
por todo o lado narizes grandes e pequenos e pessoas
gigantes e anões e começaram a aparecer as crianças que tinham estado meio
adormecidas.
Desde
aqui, nunca mais se ouviu falar do monstro do rio
que se chamava Preconceito. As pessoas ficaram sempre atentas e nunca mais o
deixaram regressar porque não queriam mais voltar para a gruta sombria onde
nunca se via o sol. E nunca mais se esqueceram que esta estrela maravilhosa que nos ilumina é para todos!
Sem comentários:
Enviar um comentário